O QUE APRENDEMOS COM A HISTÓRIA DO 1º DE MAIO?
Houve um tempo em que não haviam direitos para os trabalhadores

Houve um tempo em que não haviam direitos para os trabalhadores. Homens, mulheres crianças trabalhavam em condições insalubres e perigosas, por mais de doze horas ao dia, todos os dias da semana, durante todos os dias que sua curta vida durasse. Tudo isso em troca de pão e nada mais. Nasciam, adoeciam e morriam, mas antes geravam a riqueza de alguns. Num primeiro de maio (1886) trabalhadores americanos fizeram uma paralisação. Lutavam pela redução da jornada que era de 13 horas ao dia para oito (08) horas. Os trabalhadores foram perseguidos, presos e seus lideres mortos ou condenados ao exílio. O movimento parou, mas o pensamento, a luta e a organização dos trabalhadores não. Ganhou o mundo. O resultado da luta daqueles trabalhadores são os direitos trabalhistas que conhecemos hoje: Jornada de 08 horas, domingos e feriados, férias, décimo terceiro, carteira de trabalho, previdência social, FGTS etc.
Você dirá que já conhece essa história, que todos os anos o sindicato conta a mesma história.
Mas o que aprendemos com ela?
Os que usufruem da riqueza gerada pelo nosso trabalho atacam nossos direitos. A reforma trabalhista do ano de 2017 (Governo Michel Temer) eliminou ou reduziu muitos dos direitos conquistados pelos trabalhadores. O governo Bolsonaro a cada dia busca novas formas de eliminar ou reduzir nossos direitos. O discurso sempre é o mesmo: os direitos trabalhistas impedem a contratação de novos trabalhadores. Não é verdade, tanto que após a reforma trabalhista os empregos não aumentaram, ao contrário, diminuíram.
Então, te pergunto novamente: o que aprendemos com a história do 1º de maio?
Ou compreendemos que nossos direitos não são privilégios, mas o pagamento pela mercadoria que entregamos (o nosso trabalho), pelo tempo que entregamos (tempo de nossa vida que deixamos de aproveitar, que deixamos de conviver com nossos filhos, pais, companheiras/companheiros, nossos domingos etc.) em favor de quem nos paga, ou corremos o risco de entregar tudo isso (nossa vida, saúde etc.) em troca de apenas sobreviver. Para viver é preciso vida digna, salário justo, direitos que garantam a possibilidade de aproveitar a vida.
Nossos direitos não são privilégios, devem ser protegidos e ampliados. A diferença entre o que entregamos e o que nos pagam é o lucro de alguns. O lucro de alguns não pode ter por base a exploração dos trabalhadores. Por isso a história deve ser contada a cada ano e a cada ano devemos nos organizar para defender nossos direitos.
- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
(Vinicius de Moraes- O Operário em Construção)
Por: Mauricio Raupp Martins – AJS Advogados Associados
